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DNOS

Relatório da DSBF (citações)

  1. Aspectos históricos da região

  2. Constituição geológica

  3. Configuração topográfica

  4. Chuvas

  5. Hidrografia

  6. Insuficiência das seções de vazão dos rios

  7. Estradas de ferro e de rodagem

  8. Seis problemas

  9. Dragagem

  10. Obras de arte

  11. Técnica na região

  12. Máquinas empregadas

  13. Resultados obtidos

  14. Transportes

  15. Agrícola local

Aspectos Históricos da Região

  • Explendor antigo

 

       O grupo social da Baixada teve, durante sua evolução, atividade histórica á parte, no meio nacional. Quando as bandeiras ondulavam, de norte a sul, por todo o sertão brasileiro, na mais alta vibração épica, o “muxuango” estacionava, entre seus brejos, aplicado, exclusivamente, “no pastoreio do seu gado, no desbaste de suas florestas, na sementeira dos seus campos, na ceifa dos seus canaviais”. Não o tentaram as correrias loucas pelos taboleiros do interior desconhecidos. Nem o fascinaram as miragens dos campos faiscantes de ouro e esmeraldas, de prata e diamantes. A “febre heróica da conquista” encontrou-o indiferente em seus labores pacíficos. E não o arrebatou em sua onda cintilante de epopéia. Em nossa história, nenhum outro grupo é mais estável, mais sedentário, mais apegado á gleba nativa.Enquanto os sertanistas, ardentes de ambição, desciam rios e varavam selvas, batendo, intrepidamente, todo o altiplano mediterrâneo, em busca de socavões e grupiaras , o fluminense, preocupado em desenvolver os seus currais e arrotear os seus campos, nem ao manos vingára as serranias que muravam os confins de sua baixada.Isolado na planície litorânea, á margem das lutas com o gentio, apático ao ouro e pedrarias das minerações, creou, entretanto, um dos mais belos núcleos de civilização agrária do Brasil.

       A geografia continua escrevendo a historia dos povos. O Rio de Janeiro, próximo, era um grande centro de consumo.Por via marítima e fluvial, asseguravam-se facilidades permanentes de transporte. O homem fixava-se á terra que o atraía. Mal se inicia o ciclo colonial, retalham-se os latifúndios em campos de criação e em glebas de plantio.Ao lado das primévas capelas levantadas pelo aborigene vencido. Surgem, por toda a parte, nucleados pelos estabelecimentos jesuítas, inúmeros centros de conquista da terra brava. Entre o mar e a encosta , pululam aldeiamentos, fundam-se fazendas, cream-se arraiais. E povoa-se , aos poucos , a vastidão do pantanal inhospito. Apesar do meio hostil, o homem senhoreava, tenazmente, a terra estrelada em paúes.

       O esplendor da civilização açucareira, que se alastrava pelos litorais do norte, tem uma réplica brilhante na opulência das casas fidalgas, que pontilhavam a planura campista.Além do cultivo da cana, fundamento econômico do Brasil colônia, a exploração onimoda da terra nova fazia da Baixada vasto celeiro.

       Na ausência de outros meios, os rios , “essas estradas que andam”, eram excelentes vias de transporte. Por eles, mantinha-se intenso trafego de mercadorias , entre a Capital e seus inúmeros portos ribeirinhos.

       Com a independência política do país, abre-se para a Baixada a fase mais rútila de sua história. Nos grandes domínios fazendeiros, erguem-se severos solares aristocráticos, em cujos salões há mais requinte e luxo que nos palácios da côrte.A prosperidade econômica da região alcança o apogeo.Aumentam, continuamente, as cifras de sua produção e de seus comercio.Alastram-se as lavouras, crescem os rebanhos, multiplicam-se as moendas. Poucos humildes e freguezias minúsculas ascendem á dignidade de vilas senhorias e cidades opulentas.A planura campista é uma colméia, o recôncavo guanabarino é um celeiro.

       Porto das Caixas, na bacia do Macacú, hoje uma ruinaria triste, foi um empório magnífico.

       Do passado explendor da vila de Estrela, belo porto fluvial, término da estrada que cortava os sertões de Minas, Goiáz e Mato Grosso, só resta um casarão único, de muros rotos, que ameaça desabar.

       Da antiga e florescente vila de Iguassú, existe, apenas, uma rua, calçada de pedras irregulares, que está sendo integrada, aos poucos, no seio da mataria que a margeia.       

 

  • Decadência

       A história do povoamento da Baixada resume-se nem combate permanente contra o pântano.Para explorar a terra, foi preciso, antes, conquista-la ás águas que a afogavam. Sem obra saneadora do tremedal imenso, levada a termo pelos nossos antepassados, seria impossível o aproveitamento econômico de planura feracissima.

       Pela região inteira, existem ,ainda, vestígios dessa luta secular travada, desde o Descobrimento, pelos seus colonizadores de todos os tempos. É uma obra comovente de pertinácia.

       A prosperidade da Baixada, que se mantem ate quase os últimos dias da monarquia, funda-se, sobretudo, no saneamento da terra, realizado pela pujante aristocracia rural que a explorava. O ocaso do Império assinala o ocaso da planície florescente. A lei áurea, decretada de chofre, desmantela, basilarmente, sua poderosa organização agrícola. A’ mingua de braços , não é mais possível cuidar dos rios, que se obstruem , nem das valetas de drenagem, que se entulham. Remoradas por tranqueiras e baixios, por galhadas e balsedos, as águas sobem nas calhas fluviais, transbordam pelas barrancas, invadem os campos adjacentes. A baixada salpinta-se, novamente, de alagadiços incontáveis. Nenhuma causa, porém, contribuiu mais decisivamente para o retrocesso do que o abandono dos rios. Desde anos, meio século talvez, sua obstrução se vem operando de modo ininterrupto. Troncos gigantescos de arvores centenárias, que tombam nos leitos, extensos lençóes de vegetação aquática, que bóiam á flor das águas remansadas, reduzem as secções de escoamento, retardam a velocidade das correntes, provocam depósitos dos aluviões em marcha, forçam o extravasamento das cheias. Por vezes, retranca-se, de tal sorte, o tapete vegetal da tábuas e aguapés, das canivieiras e peri-peris, que os álveos se tornam irreconhecíveis. São rios ignotos. Deslizam subterraneamente ou espraiam-se invisíveis pelos vales embrejados.Pela constante erosão, as margens esbarrondam-se , cumulando os leitos de detritos.Rebalsadas por miríades de obstáculos, as águas desviam-se dos cursos antigos, as secções alargam-se, continuamente, em prejuízo manisfesto das profundidades. As construções das estradas de ferro e de rodagem, norteando-se por uma visão particularista, agravaram, imensamente, o mal. Até então,os alagadiços formavam-se, á beira dos rios , pela extravasão das cheias. Por falta de escoamento, originavam-se novos banhados ao longo das barragens constituídas pelos aterros. As pontes e boeiros, de secções quase sempre insuficientes, represam, para montante, enormes coleções de água, que transbordam. Assim, multiplicaram-se os brejais. Ampliaram-se as áreas de alagação. A decadência invadiu engenhos e fazendas. Vastas pastarias vicejantes converteram-se em charnecas. Por fim, despovoou-se a Baixada. Ficaram, apenas, núcleos esparsos de recalcitrantes, que o sezonismo vai dizimando impiedosamente. Depois de um largo ciclo de explendor, a região retornou ao primitivo estado de abandono e insalubridade, quase como a encontraram os seus primeiros desbravadores que a sonharam populosa e rica.        

 

Fonte: Góes, Hildebrando de Araújo. O Saneamento da Baixada Fluminense.Diretoria de Saneamento da Baixada Fluminense: Rio de Janeiro , 1939.

 

 

 

Constituição Geológica

       Na planície, encontra-se, em geral, superficialmente, uma camada de argila quaternária, impermeável. Quando o relevo do solo forma depressões, as águas nelas  se acumulam, originado lagoas e brejos permanentes. Diminuída a infiltração, as chuvas caem nas bacias hidrográficas, correm pela superfície, agravando as cheias. As águas extravasadas dos rios enchem, por longos meses, grandes côncavos de fundo impérvio, que se transformam em focos de malária, impossibilitando o aproveitamento agrícola da região. 

Fonte: Góes, Hildebrando de Araújo. O Saneamento da Baixada Fluminense.Diretoria de Saneamento da Baixada Fluminense: Rio de Janeiro , 1939.

 

 

 Configuração Topográfica

       A topografia da Baixada oferece condições muito favoráveis ao transbordamento das águas. Em seus confins, uma cordilheira íngreme levanta-se quase verticalmente. Segue-se-lhe a grande planície, onde os rios correm mansamente, tendo os álveos insuficientes e obstruídos. As várzeas inundam-se, facilmente, pelas águas que descem bruscamente da serra, espraiando-se pela planura de declive muito fraco.   

Fonte: Góes, Hildebrando de Araújo. O Saneamento da Baixada Fluminense.Diretoria de Saneamento da Baixada Fluminense: Rio de Janeiro , 1939.

 

 

Chuvas

       As precipitações atmosféricas são mais intensas nas serras altas que nas planícies. A ascensão rápida, que as nuvens são forçadas a fazer de encontro á Serra do Mar, determina grandes chuvas que vêm concorrer para a inundação das várzeas.

 

Fonte: Góes, Hildebrando de Araújo. O Saneamento da Baixada Fluminense.Diretoria de Saneamento da Baixada Fluminense: Rio de Janeiro , 1939.

 

 

Hidrografia

 

       Ao norte da Guanabara, inúmeras lagoas, doces e salobras, disseminam-se pelas baixadas de Araruama e Goitacazes. Desembocando umas diretamente no Oceano, emendam-se outras, num seriar infindável, travez complexa trama de igarapés e sangradouros. Consoante o preponderar de forças contrárias, em luta permanente, ora fecham-se as barras lagunares, por efeito do arrasto litorâneo, ora rompem-se os medões costeiros, ao influxo irresistível das correntes fluviais.

       Salvante o Paraíba, que desce, acachoante, do planalto, todos os rios, que sulcam a planície fluminense, tem pequeno desenvolvimento. Quando não deságuam em lagoas, fluem, geralmente, em direção quase normal á costa. Suas bacias hidrográficas separam-se pelos contrafortes irradiantes da Serra do Mar. Nos cursos superiores, que s desenvolvem pelas encostas, o regime é nitidamente torrencial:declives fortes, grandes velocidades, erosões intensas, cheias bruscas e passageiras.

Em abaixo, os cursos dagua meandram através a baixada em formação. E divagam, não raro, em torcicolos, sem leitos perfeitamente definidos, entre vastos brejais que o marginam.

       A influencia da maré, que lhes inverte o sentido da corrente, faz sentir-se , por vezes, a grandes distancias das embocaduras, provocando alagamentos nas vizinhanças dos estuários. 

Fonte: Góes, Hildebrando de Araújo. O Saneamento da Baixada Fluminense.Diretoria de Saneamento da Baixada Fluminense: Rio de Janeiro , 1939.

Insuficiência das Seções de Vazão dos Rios

       Os rios da Baixada tem, em sua maioria, secção transversal insuficiente para escoar grandes volumes de água durante as cheias. As obstruções existentes em seus cursos: vegetações aquáticas, troncos de arvores, currais de peixes, bancos de areia etc., modificam, consideravelmente, o escoamento das águas. Além da insuficiência de secção, notam-se, mais numerosos e longos meandros que diminuem a declividade e , portanto, a velocidade da corrente e, em conseqüência, a descarga.

 

Fonte: Góes, Hildebrando de Araújo. O Saneamento da Baixada Fluminense.Diretoria de Saneamento da Baixada Fluminense: Rio de Janeiro , 1939.

 

 

Estradas de Ferro e de Rodagem

       Os aterros das estradas que cortam a Baixada agem como verdadeiras barragens, impedindo o escoamento livre das águas. A insuficiência da secção das obras de arte, represando as águas para montante, tem uma ação muito sensível sobre as inundações. Em muitos casos, os boeiros e pontilhões estão, também, construídos em cotas altas, resultando, em conseqüência, a formação de pântanos permanentes.

 

Fonte: Góes, Hildebrando de Araújo. O Saneamento da Baixada Fluminense.Diretoria de Saneamento da Baixada Fluminense: Rio de Janeiro , 1939.

 

 Seis Problemas

       Os serviços preliminares, iniciados em 1936, consistiram na limpeza manual dos rios, retirando-se todos os empecilhos ao livre curso das águas: tronco de arvores, galhadas, embarcações naufragadas, vegetação aquática etc. Afim de impedir que estas obstruções se viessem repetir com o solapamento das margens pelas correntes, fez-se, em cada uma delas, a roçada e destocamento de uma faixa de 4 metros de largura.

       Restituíram-se, assim, aos rios suas condições naturais de escoamento. Esse trabalho de restauração trouxe grandes benefícios diretos e indiretos. Com os álveos desimpedidos, as águas correram, baixando consideravelmente de nível. Muitas áreas puderam, desde logo, ser aproveitadas. Com a grande diminuição dos anófeles, melhoraram as condições de salubridade.        Não só se recuperaram terrenos baixos e alagadiços, como, também, os situados em elevações, que se tornaram habitáveis pela extinção dos focos de malaria circundantes. Nos cursos d'água de forte declividade, de álveos perfeitamente, no saneamento definitivo,restando , apenas, em alguns casos, concluir as inundações.Os proprietários de fazendas, sentindo os resultados benéficos dos trabalhos, iniciaram o aproveitamento das terras mais bem situadas.Além destes benefícios diretos, a limpeza permitiu conhecer mais precisamente regime dos cursos d'água. Nas condições iniciais, os estudos eram penosissimos e inseguros. Nivelamos atravez extensos pantanais, medições de rios sem leitos definidos, coeficientes de escoamento desfigurados pelas retenções de água, constituíam resultados sujeitos a erros grosseiros. A limpeza permitiu o conhecimento completo das bacias hidrográficas e a obtenção de dados exatos para a posterior elaboração dos projetos.    

       Em seguida, elaboram-se projetos definitivos de saneamento. Fez-se , preliminarmente, a seleção das áreas a beneficiar, considerando o valor das terras, os núcleos coloniais existentes e outros fatores que justificavam, economicamente, a preferência de uma região sobre a outra. 

       Os cursos d'água são, cuidadosamente, levantados, nivelados e medidos.Os projetos nunca são parciais, relativos a um trecho de rio. Abrangem toda a bacia hidrográfica, inclusive os córregos de menor importância.

       Os problemas técnicos da Baixada Fluminense – Os problemas para o saneamento de grande planície fluminense enquadram-se em seis categorias:

 

1)Recuperação das áreas alagadas;

2)Defesa contra as inundações;

3)Dragagem de novos leitos para os rios que se perderam em brejais;

4)Ligação permanente das lagoas costeiras ao oceano;

5)Drenagem subterrânea e

6)Obras de arte.

 

Fonte: Góes, Hildebrando de Araújo. O Saneamento da Baixada Fluminense.Diretoria de Saneamento da Baixada Fluminense: Rio de Janeiro , 1939.

   

 

Dragagem 

 

Dragagem de novos leitos para rios que se perderam em brejais

 

       Os serviços de dragagem, quer rasgando novos álveos para rios que se perderam em imensos brejais, quer ampliando a secção de vazão de outros que transbordam, mesmo com pequenas cheias, constituem os casos mais comuns no saneamento da Baixada Fluminense.

       Os melhoramentos do Iguassú exprimem, com fidelidade, o critério exposto. A jusante da estrada de rodagem Rio-Petrópolis, este rio tem regimem nitidamente marítimo, com os terrenos marginais abaixo da preamar máxima, de modo que as obras em andamento visam recuperar áreas que são, periodicamente, alagadas pelas marés. A montante da referida rodovia, ao contrario, depois de um trecho de transição, os serviços consistiram na dragagem de novos álveos.

       O traçado em planta, quer do rio Iguassú, quer dos seus afluentes, Pilar, Capivari e Babi, foi feito visando o aproveitamento Maximo dos leitos existentes. Só quando não havia vestígio algum de álveo, onde os cursos dagua se perdiam em brejais imensos, traçaram-se grandes tangentes, como no trecho inicial do rio Babi.

       Para determinação do perfil longitudinal, partiu-se da cota do fundo do Iguassú, sob a ponte da rodovia Rio-Petrópolis, subindo –se gradativamente, quer no rio principal, quer pelos afluentes, de modo a não se afastar do caimento natural do vale. As declividades oscilaram de 0,00038 a 0,0038.

       A descarga máxima de 160m3 seg. resultou da soma de descargas estimadas para os seus afluentes, Capivari: 40 m3/s; Babí: 60 m3/s; Iguassú, trecho superior: 60 m3/s.

       As secções transversais do rio principal, de forma trapezoidal, são variáveis, tendo trinta metros de largura no fundo, junto à estrada de rodagem Rio-Petrópolis, decrescendo para montante, até vinte metros de largura, depois que recebe o Babí. Critério análogo presidiu á escolha das secções dos afluentes. O cálculo da curva de remanso revelou a necessidade de se aproveitar o material retirado da dragagem para construir diques marginais ao longo do Iguassú, até a zona em que a maré não se faz sentir.

       O projeto está em sua execução bastante adiantada, achando-se já dragados os rios Iguassú, em uma extensão de sete quilômetros; Pilar, três quilômetros; Capivari, três quilômetros; Babí e Botas, dezessete quilômetros; Velhas, quatro quilômetros; Maxabomba, três quilômetros. Ao todo, só na bacia do Iguassú, já foram dragados trinta e sete quilômetros, retirando-se um volume total de 1.00.000 metros cúbicos, tendo-se gasto a importância de 2.300:00$000. Serviços  semelhantes foram executados em outras bacias hidrográficas, de acordo com seguintes dados numéricos:

Bacia do Rio Sarapuí, com dez quilômetros de dragagem e 350.000 metros de excavação.

Bacia do rio Estrela, inclusive seus formadores, Inhomerim, Saracuruna e Imbariê, com seis quilômetros de dragagem e 200.000 metros cúbicos de excavação.

Bacia da lagoa de Jacarepaguá, inclusive os rios Anil, pavuna e Arroio Fundo, com quatro quilômetros de dragagem e 50.000 metros cúbicos de excavação.

Bacia do rio Guandu-Mirim, inclusive seu afluente Campinho, com dezoito quilômetros de dragagem e 500.000 metros cúbicos de excavação.

Bacia do rio Itaguí, inclusive os canais do Piloto, da Goiaba e vala da Secção “F”, com oito quilômetros de dragagem e 160.000 metros cúbicos de excavação.

 

 

Fonte: Góes, Hildebrando de Araújo. O Saneamento da Baixada Fluminense.Diretoria de Saneamento da Baixada Fluminense: Rio de Janeiro , 1939.

 

Obras de Arte

 

            As obras de defesa contra inundações e a dragagem de novos leitos para os rios obrigam a construção de obras de arte, capazes de dar livre vazão ás cheias. Sucede, também, que as estradas de ferro e de rodagem apresentam, freqüentemente, pontes com secção insuficiente e boeiros com solteiras muito altas. Necessário se torna, portanto refazer grande parte das obras Dante existentes. Procede-se à construção de novas pontes, juntamente com a execução dos melhoramentos nos cursos d'água.

 

Fonte: Góes, Hildebrando de Araújo. O Saneamento da Baixada Fluminense.Diretoria de Saneamento da Baixada Fluminense: Rio de Janeiro , 1939.

 Técnica na região 

       Levantam-se, ao longo das margens dos rios, diques que impedem o alargamento das terras pelas marés. O seu coroamento fica, em geral, a um metro acima da preá-mar máxima. Pelo lado interno dos diques, excavam-se canais destinados a coletar as águas pluviais caídas na área beneficiada, que neles se lançam atravez a rede secundaria. O seu escoamento para o rio se faz por meio de bombas, quando a preá-mar coincide com fortes chuvas locais ou por meio de comportas automáticas, (“tides-gates”), quando baixa a maré.Trabalho deste gênero fez-se ao longo do rio Meriti, onde se constituíram onze quilômetros de diques e canais, ganhando se uma área de seis milhões de metros quadrados, extremamente valorizada, por que se acha localizada nos subúrbios do Rio de Janeiro. O custo dos serviços importou em 500 réis por metro quadrado de terreno conquistado ao mar.Trabalhos análogos estão sendo executados ao longo do rio Sarapuí, Iguassú, Pilar, devendo extenderem, posteriormente,ao Estrela, Saracuruna, Irirí, Surí, Guapí e Macacú.

 

 

Fonte: Góes, Hildebrando de Araújo. O Saneamento da Baixada Fluminense.Diretoria de Saneamento da Baixada Fluminense: Rio de Janeiro , 1939.

 Resultados Obtidos 

            Os trabalhos iniciaram-se, praticamente, em 1936. A área a beneficiar é enorme, prevendo-se, ainda, um prazo de seis anos para ultimação do programa estabelecido.

            Os resultados são muito animadores, porque ficou demonstrada,sob o ponto de vista técnico, a possibilidade de êxito completo na solução do problema. A área total já definitivamente saneada eleva-se a 2.982 quilômetros quadrados, assim distribuídos:

 

Na bacia do rio Gaundú-Assú – 1.200 Km2

Na bacia do rio Saco – 27 Km2

Na bacia do rio Ingaíba – 9 Km2

Na bacia do rio Meriti – 17 Km2

Na bacia do rio Iguassú – 200 Km2

Na bacia do rio Estrela – 75 Km2

Na bacia do rio Suruí – 15 Km2

Na bacia do rio Irirí – 5 Km2

Na bacia da Lagoa de Maricá – 30 Km2

Na bacia da Lagoa de Jacarepaguá – 84 Km2

Na bacia do rio São João – 500 Km2

Na bacia do rio Macaé – 400 Km2

Na bacia da Lagoa Feia – 420 Km2

________________________________________________________

          TOTAL         =          2.982 Km2

 

            Em muitas regiões, os serviços acham-se em franco desenvolvimento, não sendo as respectivas áreas computadas no quadro acima porque não se ultimaram. Caso se considerasse definitivamente saneada um terço (1/3) das áreas onde se estão efetuando trabalhos, o total acima seria acrescido de 1.672 quilômetros quadrados, ao todo, 4.654 quilômetros quadrados, que representam 27% dos 17.000 quilômetros quadrados de que se compõe a Baixada Fluminense.

            Considerando que os dois primeiros anos foram, em grande parte, destinados a serviços de limpeza e regularização manual e que o aparelhamento mecânico em trabalho ainda deve ser aumentado, é fácil prever a realização do programa no prazo fixado. Acresce, ainda, que os problemas principais já foram resolvidos, tratando-se, na maioria dos casos, doravante, de uma repetição de soluções já aplicadas. A pratica só poderá tornar a execução dos projetos mais rápida.

 

Fonte: Góes, Hildebrando de Araújo. O Saneamento da Baixada Fluminense.Diretoria de Saneamento da Baixada Fluminense: Rio de Janeiro , 1939.

Transportes

            A conservação da rede de transportes existente e a construção de novas estradas constitui complemento indispensável no aproveitamento das terras saneadas.

            As ferrovias, que cortam a Baixada Fluminense, são constituídas por três linhas principais: A Estrada de Ferro Central do Brasil, que, partindo do Rio de janeiro, atravessa  a parte ocidental da grande planície; a E. F. Leopoldina, que também, saindo da Capital da República, corta a baixada, em tua a sua extensão, alcançando a cidade de Campos. E a E. F. Maricá, que liga Niterói a Cabo Frio.

            Estas linhas mestras apresentam ramais de méis importância em muitos pontos, dentre os quais convém salientar: O Glicério a Macaé, o de Conde a Araruama e Santa Maria Madalena, e os que irradiam de campos, de Teresópolis e de Friburgo.

            A rede ferroviária da Baixada, que apresenta uma densidade de 74 ms. por Km2, afigura-se satisfatória para a região.

 

 

Fonte: Góes, Hildebrando de Araújo. O Saneamento da Baixada Fluminense.Diretoria de Saneamento da Baixada Fluminense: Rio de Janeiro , 1939.

Agrícola Local

       Sempre se reconheceu a fertilidade natural dos terrenos da Baixada.As ricas propriedades, outrora existentes, permanecem na lembrança de todos. O abandono forçado em que ficou a região, durante mais de 50 anos, aumentou, pelo descanso da exploração agrícola, a sua fertilidade.

       A proximidade do Rio de Janeiro, que é um grande centro consumidor, coloca, ainda mais, a Baixada em situação privilegiada para um aproveitamento intensivo.

       Melhoradas, consideravelmente, as condições de salubridade, manifestou-se , logo um grande surto na exploração de suas riquezas naturais. Aos poucos vão-se povoando as terras abandonadas. Surgem construções novas e novas plantações, que mudam o antigo aspecto desolador daquelas paragens.Nota-se visivelmente, o ressurgimento econômico da região.

 

Fonte: Góes, Hildebrando de Araújo. O Saneamento da Baixada Fluminense.Diretoria de Saneamento da Baixada Fluminense: Rio de Janeiro , 1939.

Máquinas Empregadas

       Drag-line - O emprego do “Dragline¹” constituiu um dos principais fatores para o sucesso rápido, completo e econômico do saneamento da baixada Fluminense. Relativamente baratas, de transporte fácil para qualquer lugar, rendimento elevado, manejo simples, estas maquinas se adaptaram otimamente ao nosso gênero de serviços.

       Draga flutuante de sucção e recalque² – Nos cursos dagua, onde o emprego de Draglines não é possível, quer pela excessiva largura, quer pela natureza das margens, permanentemente alagadas pelas marés, utilizam-se dragas de sucção e recalque.

Este tipo de aparelhagem, também, se adapta, em muitos casos, ao nosso gênero de serviços, em face da natureza do material a dragar, que é, geralmente, constituído por lodo, areia, argila ou estes três materiais misturados em proporções variáveis. O custo de produção é bastante baixo e o rendimento grande.

       Draga flutuante de alcatruzes – Não existindo, na região, material muito resistente á excavação, a draga flutuante de alcatruzes não pode competir coma de sucção e recalque, de rendimento muito maior e preço unitário de serviço menor. Por este motivo, a Diretoria de Saneamento da Baixada Fluminense não pretende adquirir material novo deste tipo. Entretanto, como já existiam, disponíveis, três dragas desta espécie, foram aproveitadas na dragagem de rios com mais de 20 metros de largura.

       “Scrapers³ ” puxados a tratores - Para a construção de diques de terra, afastados das margens do rio, empregaram-se, com pleno sucesso, “scrapers” puxados a tratores. A terra é retirada da margem do rio pelos aparelhos e depositada, em seguida, no local do dique. A vantagem da construção por camadas de pequena espessura, junta-se a da compressão feita pelo trafego dos tratores e “scrapers” sobre o dique, obtendo-se, desta forma, obra mais solida e compacta.

¹  Dragline – Os sistemas de escavação de arrasto são equipamentos pesados utilizados em engenharia civil e mineração de superfície. Em engenharia civil os tipos menores são utilizados para construção rodoviária e a porta. Os tipos maiores são utilizados em operações de strip-mining para mover estéreis acima do Carvão e de mineração de areia de alcatrão. Draglines estão entre os maiores equipamentos móveis e pesa aproximadamente 2000 toneladas métricas.

 

 

http://www.terraris.com.br/escavadeira_longo_alcance1.htm

²  Figura 1:

Fonte:  http://www.serradaprata.com.br/contrucao-civil/dragagem-m7dd0.html?MEid=66

 

³  Figura 2:

Dragline
Draga flutuante de sucção e recalque
Scrapers
Aspectos Históricos da Região
Constituição Geológica
 Configuração Topográfica
Chuvas
Hidrografia
Estradas de Ferro e de Rodagem
Insuficiência das Seções de Vazão dos Rios
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