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Geodiversidade

      A Biblioteca virtual de Meio Ambiente da Baixada Fluminense, em sua atual versão, da inicio ao trabalho da temática da Geodiversidade. Em linhas gerais, atentando a um olhar Geográfico sobre o assunto, o conceito pode ser definido como a diversidade abiótica natural da terra, e suas relações com a Biodiversidade e ações humanas, propiciando a estes últimos o suporte para vida no planeta Terra.

      As primeiras discussões sobre o tema surgem na ocasião da Conferência de Malvern sobre Conservação Geológica e Paisagística, ocorrida no Reino Unido, em 1993, onde o termo Geodiversidade passa a ser mais conhecido e explorado. Portanto, devido ao seu conceito estar sendo desenvolvido há relativamente pouco tempo, é natural que ainda esteja em fase de consolidação, sendo trabalhado tanto por geógrafos, quanto geólogos, biólogos, turismólogos, e ecólogos, por exemplo.

      É importante mencionar, ainda, que com a evolução do conceito, importantes literaturas surgiram. Em 2004, é lançado o primeiro livro tratando exclusivamente desta temática, chamado de “Geodiversity: Valuing and conserving abiotic nature”, escrito pelo professor do departamento de Geografia da Universidade de Londres, Reino Unido, Murray Gray.

      Outra importante obra sobre o tema foi publicada no ano seguinte pelo geólogo, e professor da Universidade do Minho, Portugal, José Brilha, denominada “Património Geológico e Geoconservação: A Conservação da Natureza na sua Vertente Geológica”. Em ambas as obras, os autores fazem não somente um panorama da evolução e desdobramento do conceito, mas também trabalham sua definição.

      Ainda considerando o desenvolver do assunto, surge a comparação entre a Biodiversidade e a Geodiversidade. O primeiro termo refere-se à variedade de seres vivos que cada região possui. A Geodiversidade, porém, está associada aos tipos de ambientes que constituem uma região, a aspectos abióticos (não vivos) do planeta Terra. (NASCIMENTO et al., 2008)

Brilha (2005), neste cenário, nos fala que a Biodiversidade é definitivamente condicionada pela Geodiversidade, pois toda forma de vida existente no planeta Terra somente encontra condições de subsistência quando dispõem de uma série de condições abióticas indispensáveis, favoráveis ao seu desenvolvimento. Logo, a Geodiversidade se projeta como um elo entre as pessoas, as paisagens e sua cultura, por meio da interação com a Biodiversidade (NASCIMENTO et al., 2008).

      Fica evidenciado, então, que apesar de serem conceitos distintos, Bio e Geodiversidade não se separam justamente por um ser o condicionante de existência do outro. Para tornar mais clara esta ligação, tomemos alguns exemplos: as rochas ao sofrerem o processo de desgaste denominado intemperismo, quer seja físico, químico ou biológico, contribuem para a formação dos solos. Estes, por sua vez, mostram-se essenciais para a vida terrestre não somente por serem locais de habitação, mas também por propiciarem atividades humanas que gerem seu sustento, como a agricultura.

      Outro importante exemplo é a própria disponibilidade de água. Com grande relação com as formações geológicas, está o ciclo hidrológico. Sendo assim, a preservação das feições rochosas contribui para garantia e armazenamento de água de qualidade, imprescindível a vida humana.

- Mas onde este tema se aplica na Biblioteca Virtual de Meio Ambiente?

      Localizado na Baixada Fluminense, o Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu (PNMNI) abriga importantes rochas e feições da Geodiversidade no Brasil, o que indica a possibilidade da ocorrência de processos vulcânicos na área, onde estes estão diretamente ligados com a formação de aspectos da Geodiversidade (figura 1).

 


Figura 1 - Pedreira desativada São José – PNMNI, rocha sienito, indica a presença da câmara magmática do antigo vulcão.

 

 

Trabalho de campo para pesquisa in loco realizado pela Equipe do Núcleo Interdisciplinar de Estudos do Espaço da Baixada Fluminense. NISBF-UERJ. (Foto: Flávia Lopes Oliveira, outubro/2014).

 

      Há inclusive o debate acerca da questão da existência, ou não, de um vulcão no local, mas o fato é que os exemplos de antigos processos vulcânicos que se refletem pelas rochas presentes no Parque, contribuem para que se possa entender a história e evolução da região, e sendo assim, da Geodiversidade local (OLIVEIRA; COSTA, 2014).

      Há que se reconhecer que, ao contrario da Biodiversidade, a Geodiversidade é um termo menos conhecido e divulgado, e sendo assim, no que se refere a políticas públicas quanto a conservação, a tendência é a priorização da primeira a segunda. Quanto a isso, José Brilha (2005) nos fala da falta de conhecimento científico básico, tanto dos responsáveis políticos, quanto do público em geral, onde estes últimos, também pela falta de conhecimento, danificam o patrimônio geológico e geomorfológico representativo da Geodiversidade.

      Fato é, como dito, que Bio e Geodiversidade andam juntas. Neste sentido, deve-se atentar a importância da conservação de ambas as instâncias, justamente por serem importantes à dinâmica terrestre. Uma maior atenção do poder público se faz necessária neste aspecto, entendendo à relação de complementaridade destes termos.

 

 

Referências Bibliográficas:

BRILHA J. Património geológico e geoconservação: a conservação da natureza na sua vertente geológica. Viseu: Palimage Editores, 2005. 190p.

NASCIMENTO, M.A.L.; RUCHKYS, U.; MANTESSO-NETO, V. Geodiversidade, geoconservação e geoturismo: trinômio importante para a proteção do patrimônio geológico. São Paulo: SBGEO, 2008. 82p.

OLIVEIRA, F. L. ; COSTA, N. M. C. . PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE NOVA IGUAÇU: Um peculiar patrimônio geológico-geomorfológico na Baixada Fluminense, RJ. História, Natureza e Espaço - Revista Eletrônica do Grupo de Pesquisa NIESBF, v. 2, p. 1-22, 2014.

SILVA, C.R. Geodiversidade do Brasil: conhecer o passado, para entender o presente e prever o futuro. Rio de Janeiro. CPRM, 2008. 264 p.

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