John Mawe
(1809-1810)
John Mawe nascido em Derbyshire (Inglaterra) em 1764, faleceu em 26 de outubro de 1829. Mineralogista inglês.
Escreveu mais de dez trabalhos sobre mineralogia e geologia. Sua principal obra é On a Gold Mine in South America, que se encontra na biblioteca da London Geological Society. A primeira edição data de 1812: 368 páginas com 9 estampas, uma delas colorida. A obra despertou grande interesse e em nove anos foi lançada a segunda edição inglêsa. Nos Estados Unidos foram feitas duas tiragens e também foi traduzida para o francês, italiano, holandês, sueco, alemão, russo e português (tradução de Solena Benevides Viana, edição de Zelio Valverde, Rio de Janeiro, 1944.
Durante 15 anos empreendeu viagens marítimas. Ao final do século XVIII explorou muitas das minas da Inglaterra e da Escócia colecionando amostras de minérios para o rei da Espanha.
No mês de agosto de 1804 partiu para o Rio da Prata. Nesta viagem chegou a Cádiz quando irrompeu a guerra entre Inglaterra e Espanha. Em março de 1805 foi para Montevidéu, onde foi preso acusado de espionagem a favor da Inglaterra. Passou por Buenos Aires e retornou a Montevidéu onde fretou um barco com o qual em direção ao norte escalou por vários portos do Brasil, entre os quais o da ilha de Santa Catarina. Foi recebido no Rio de Janeiro por Dom João, com quem obteve autorização para visitar as jazidas de diamantes de Minas Gerais e do interior entre 1809 e 1810.
Retornou a Londres em 1811, e abriu uma loja na margem do rio Tamisa, próximo à Somerset House. Quando da sua morte em 1829 foi colocada uma lápide em sua memória na igreja de Castleton em Derbyshire. O negócio ao qual deu inácio teve continuidade sob a direção de James Tennant.
A região - no relato de John Mawe
Já em 1809, um ano após a vinda da corte portuguesa para o Brasil e da abertura dos portos às "nações amigas", encontra-se, no relato de John Mawe sobre sua viagem a Vila Rica, uma descrição da região¹ que permitia o acesso a Minas, partindo-se do Rio de Janeiro
¹ Embarcamos numa grande canôa com a nossa comitiva, composta de dois soldados, a que aludí e de um negro, meu criado fiel. Aproveitamos, ao meio dia a brisa que soprava do largo e velejamos seis léguas baía a dentro (...) chegamos à desembocadura do Inhomirim, rio pitoresco cujo o curso sinuoso oferece grande variedade de belos aspectos. O sol se punha; o ar estava doce e sereno; paramos um instante para gosar de uma das mais belas paisagens que até então se nos deparava o Brasil; um maravilhoso e romântico primeiro plano, animado pela vivacidade da verdura das árvores, que cresciam nas margens do rio, formava contraste com os arrojados contornos das montanhas distantes.
Segundo Lisboa, Mawe foi o primeiro forasteiro a obter a licença para conhecer a exploração mineira em Minas Gerais. A autora também registra o fato de que os ingleses foram os primeiros estrangeiros a receberem o privilégio comercial sobre as minas, em virtude do tratado de 1810.
Fonte: MAWE, John. Viagens ao interior do Brasil, p. 146-147.