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REGIONALIZAÇÕES DA BAIXADA FLUMINENSE

          Quais são as perspectivas que podemos trazer para uma análise da região da Baixada Fluminense, sem considerar o termo como um senso comum, pelo fato de não existir oficialmente como “ente administrativo” e não ser considerada, por exemplo, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia)? Devemos analisar os principais condicionantes da configuração e organização espacial da Baixada Fluminense.

 

          No início do século XX, uma representação da Baixada Fluminense, publicada no ano de 1912, foi elaborada para ação da Comissão Federal de Saneamento da Baixada Fluminense (CSBF), criada em dezembro de 1909. A justificativa da constituição de uma Comissão Federal de Saneamento refere-se tanto ao combate aos focos de malária existentes na região como à preocupação em recuperar a vocação natural da região para a agricultura; neste caso, o saneamento é entendido não somente como higiene pública, mas como instrumento de revitalização da região (FADEL, 2009). Percebemos que a regionalização compreendida como Baixada Fluminense abrange a área dos municípios de Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Magé, Itaboraí, São Gonçalo, Niterói e Rio de Janeiro, ou seja, dos municípios do chamado “Recôncavo da Guanabara”.

 

          Outra representação da área, denominada como Planta geral da Baixada Fluminense, também elaborada pela CFSBF e datada do ano de 1915, apresenta uma área maior, incluindo uma parte da região que posteriormente seria chamada de Baixada de Araruama, uma das baixadas da Baixada Fluminense.

 

          Uma nova representação da Baixada Fluminense teve sua área ampliada e dividida em outras quatro baixadas, a saber: Baixada de Sepetiba, Baixada da Guanabara, Baixada de Araruama e Baixada dos Goitacazes.

 

         Considerada oficialmente até 1990 pelo PAI – Programa de ação Integrada da Baixada Fluminense – da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Regional – SEDUR, outra regionalização da Baixada Fluminense corresponde a uma parte do conjunto de alguns municípios agrupados e inicialmente nomeados como Recôncavo da Guanabara (Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Magé, Itaboraí, São Gonçalo e Niterói). Nesta regionalização, que possui uma perspectiva composta pelo enfoque histórico-cultural e prende-se à história da conquista, ocupação e evolução social e econômica de parte da Baixada da Guanabara, isto é, da periferia da cidade do Rio de Janeiro, os municípios que a compõem são aqueles que se emanciparam dos territórios pertencentes ao município de Nova Iguaçu e Duque de Caxias.

 

          Segundo a regionalização proposta pela SEDEBREM (Secretaria de Estado de Desenvolvimento da Baixada e Região Metropolitana), para o Governo do estado do Rio de Janeiro, a Baixada Fluminense é composta por parte dos municípios que compunham o Recôncavo da Guanabara, com exceção de Itaboraí, São Gonçalo e Niterói. Nesta regionalização são inseridos os municípios de Itaguaí, Seropédica e Paracambi.

 

          A Companhia de Turismo do Estado do Rio de Janeiro - TurisRio - também possui uma regionalização, na qual a Baixada Fluminense permanece com parte dos municípios que são consenso em sua configuração. Entretanto os municípios de Itaguaí e Paracambi pertencem a duas regiões distintas, uma denominada "Águas do Noroeste" e outra "vale do café", respectivamente.

 

          Para criar uma regionalização que caracterize as particularidades que compõem uma determinada área e poder diferenciá-la de outras, é necessário levar em consideração alguns aspectos, como os elementos naturais (relevo, clima, hidrografia, solos, vegetação), fatores econômicos, políticos e culturais. No entanto, relacionar tantos itens pode gerar a perda do enfoque na análise do objeto de estudo, acabando por valorizar questões desnecessárias ou desvalorizar aspectos que são essenciais na utilização do conceito de Região e que permitem que o conceito não seja confundido com outros da Geografia, como lugar, território e espaço. As regionalizações tendem a se basear em um ou mais objetivos gerais, que dependem da postura do pesquisador e expressam uma perspectiva da realidade, fundamentada em um determinado tema, ou elemento (urbanização, turismo, atividades econômicas, ocupação, recursos naturais, violência, etc.). Regionalizar é ressaltar um aspecto que se define como particularidade de uma área em diferença com outras, de acordo com uma perspectiva da realidade.

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