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Manguezal

Características Gerais

     O manguezal é um ecossistema encontrado em regiões de inundações pelas marés, como os estuários, lagoas e fundos de baías, o que leva muita das vezes o encontro da água doce com a salobra, sendo a presença desta segunda um dos requisitos fundamentais para sua identificação. A influência da maré contribui para sua complexidade, e resistência para encarar ondas e inundações violentas. É um ecossistema facilmente identificado por um solo de substrato mole, popularmente identificado como lama, e resultante de um processo que dá-se do acumulo dos sedimentos trazidos pelos rios e que misturados a água salobra irão apresentar esta característica. Algumas vezes são confundidos com as chamadas “comunidades aluviais”, ou seja, brejos, alagadiços, charcos e etc., contudo os manguezais diferem-se por sua flora e fauna altamente características. Segundo Amador (1997) esse ecossistema data entre o período do Pleistoceno Superior/Holoceno, e ao longo dos anos foi palco de grandes habitações de primitivos, no caso do Brasil pelos Sambaquis. Apresentam-se em áreas de temperatura média em zonas de clima tropical e subtropical, e vai contribuir sua energia para com ecossistemas vizinhos como é o caso da Mata Atlântica.

     As Florestas de manguezais encontram-se ao longo da costa brasileira, com aproximadamente 26.000 km² de extensão, do Rio Oiapogue, no Amapá (latitude 4º30'N), à Praia do Sonho, Santa Catarina (latitude 28º53'S). O seu limite mais oriental encontra-se na Ilha Oceânica de Fernando de Noronha (longitude 32º24'W e latitude 3º50'S), onde uma pequena (0,15ha) mata monoespecifica de Laguncularia racemosa ocorre no estuário do rio Maceió. Estimativas mais recentes sobre a área total dos mangues do Brasil variam de 1,01 a 1,38 milhões de hectares. (Lacerda, 1999).

     No Brasil, a Lei 4.771 de 15 de setembro de 1965 estabelece o mangue como Área de Preservação Permanente (APP), enquanto na Resolução CONAMA N.º 369 de 28 de março de 2006, as áreas de manguezais não podem sofrer supressão de sua vegetação ou qualquer tipo de intervenção, salvo em casos de utilidade pública. Essa preocupação da Lei em proteger essas áreas dá-se pelo fato da costa brasileira apresentar cerca de 26.000 km² de extensão de manguezais. Essa extensão está distribuída “do rio Oiapoque, Amapá (latitude 4º 30'N), à Praia do Sonho, Santa Catarina (latitude 28º 53'S)” tendo um maior limite ocidental “na ilha oceânica de Fernando de Noronha (longitude 32º24'W e latitude 3º50'S)” (Lacerda, 1999, p. 195).

     O litoral do Sudeste brasileiro possui somente 5% das áreas totais do país, as quais, grande parte dessas áreas estão concentradas no Rio de Janeiro, mais especificamente, no recôncavo da Baía de Guanabara. Algumas dessas áreas abrangem  municípios da Baixada Fluminense, como Duque de Caxias, Guapimirim e Magé.

     Desde as primeiras expedições de exploração na Baía de Guanabara, os manguezais se destacavam como uma espécie de fortaleza protegendo o litoral. Hoje os mesmos podem ser encontrados principalmente na APA de Guapimirim, que conta com áreas protegidas e características conservadas desde antes as explorações, além de algumas manchas dispersas na divisa entre os município de Duque de Caxias e Magé, em virtude das bacias dos rios Estrela, Inhomirim e Iguaçu.

     Grande parte dos Manguezais ali identificados, são marcados por muitas transformações, que variam desde a exploração do mangue como fonte de madeira até a utilização dos recursos naturais como fonte para a subsistência familiar das populações pesqueiras. Além disso os manguezais encontrados nessas regiões sofrem com um alto índice de poluição. Contudo alternativas para a manutenção e  proteção dos manguezais também são desenvolvidas na região, as quais podemos destacar, a presença da APA de Guapimirim e projetos de Reflorestamento, como é o caso do chamado Mangue Vivo, projeto da Fundação OndAzul, que funciona entre o bairro Ipiranga no município de Magé, e o rio Estrela, divisa com o município de Duque de Caxias, e que tem desde 2001 o objetivo de recuperar manguezais.  A Biblioteca Virtual do Meio Ambiente da Baixada Fluminense esteve visitando esse projeto que já conta com uma área de 12 hectares de recuperação desse importante ecossistema.

 

Flora e Fauna dos Manguezais

 

     As árvores típicas dos manguezais são as chamadas mangue, e que podem ser encontradas no Brasil em três espécies principais: o mangue vermelho (Rhizophora mangle), o mangue branco (Laguncularia racemosa) e o mangue preto (Avicennia sp). São árvores resistentes, capazes de suportar as terras alagadas, com galhos retorcidos, muitas das vezes formando uma floresta em forma de arco. Diferentes das plantas de terra firme, apresentam suas raízes aéreas, permitindo que assim possam absorver uma quantidade significativa de oxigênio, além disso possuem características “folhas coriáceas que evitam a transpiração” (Amador, 1999, p. 149).

Quanto a fauna, muitas espécies encontram nos manguezais o local apropriado para a sua procriação. Segundo Amador: “O manguezal é um ecossistema que,devido à sua estrutura, cria numerosos nichos para diferentes espécies de peixes, aves, crustáceos, moluscos, etc, que passam toda, ou pelo menos uma parte de suas vidas naqueles ecossistemas, utilizando os diversos habitats para reprodução, alimentação e desenvolvimento.” (p. 154).

     De acordo com Lacerda (1999), a fauna dos manguezais pode ser  agrupada em quatro grupos funcionais distintos: aqueles que estão associados a vegetação de mangue, como o caso de alguns pássaros que utilizam a copas das árvores com habitação. As espécies visitantes, que habitam as áreas por um curto período de tempo e que contam em sua maioria por mamíferos, as espécies marinhas que passam uma parte de suas vidas nos manguezais, caso de alguns peixes e por fim as espécies que vivem  dos sedimentos e que fazem suas tocas no solo específico dos mangue, como é o caso dos crustáceos. É importante ressaltar que no caso dos crustáceos, o ato de cavarem o solo em busca de alimento ou na confecção de suas tocas, contribuirá para uma melhor oxigenação do solo, num processo chamado aeração.

    Das espécies encontradas nos manguezais, como os peixes e crustáceos, uma parte significativa delas tem servido de alimento e fonte de subsistência para muitas populações caiçaras. Desde os períodos pré-históricos, populações sambaquis, já demonstravam a grande utilização da fauna dos mangues. Para Abreu (2010), os manguezais são: “Verdadeiros viveiros de crustáceos e de outros organismos vivos (...) e tiveram sua importância atestada por diversas pesquisas arqueológicas, que resultara, o papel fundamental que sempre exerceram para a ocupação humana do recôncavo da Guanabara.” (p. 342).

     De fato a pesca tem sido um dos principais fatores da relação das populações com o ecossistema. Abreu (2010) destaca o alto valor agregado a essas terras desde a colonização, que davam-se também pela retirada de madeira, que eram posteriormente utilizadas nas usinas de cana-de-açúcar e caldeiras. Esse processo é apenas um dos que tem contribuído para uma degradação que ao longo dos anos tem sido constantes nas regiões de manguezais. Além da retirada de madeira, os mangues vem sofrendo com ocupações ilegais, que levavam a aterros impróprios, além do grande índice de poluição que chegam nessas áreas através dos lixos atirados nos rios e mares.

 

Bibliografia

 

Abreu, Mauricio de Almeida. Geografia histórica do Rio de Janeiro (1502-1700).  Rio de Janeiro: Andrea Jakobson Estúdio, 2010, 2 volumes, 904 p.

Amador, Elmo. Baía de Guanabara e ecossistemas periféricos: homem e natureza. Rio de Janeiro, 1997.

Lacerda. L. D. Os manguezais do Brasil. In: Os manguezais e nós: uma síntese de percepções. Marta Vannucci (org.) São Paulo: EdUSP, 1999, p. 193 – 205.

Pires, I. O. Manguezais da Região do recôncavo da Baía de Guanabara: revista através dos mapas. In: Revista da Gestão Costeira Integrada. Portugal: 2010, 9p.

Sant’Anna E. M. / Whately M. H. Distribuição dos manguezais do Brasil. In: Revista Brasileira de Geografia – Rio de Janeiro: 1981, ano43 nº1, p. 47 – 64.

Vários. Manguezais da Cidade – Berçário da Vida. – Rio de Janeiro: Prefeitura do Rio de Janeiro, 2011, 24p.

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